Logo Observatório

Registros no tempo: linguagem e ação social no Brasil de 2010 a 2020

Pesquisadoras: Olívia Barbosa (Núcleo de Religiões no Mundo Contemporâneo/Cebrap; Nonreligon in a Complex Future/Univeristy of Ottawa), Paula Montero (Cebrap), Renata Nagamine (Cebrap), Camila Nicácio (UFMG)
Coordenação: Renata Nagamine (Cebrap)
Duração inicial: maio de 2025 a outubro de 2026

Termos como antifeminismo, homoafetividade, intolerância religiosa, racismo religioso e racismo ambiental se tornaram correntes no Brasil a partir dos anos 2010. A pesquisa analisará a interação dos agentes com esses termos ou outros como eles no que consideramos ser um processo de transformação da linguagem da ação social no país.

Partindo do pressuposto da mudança dos nomes e dos modos de falar em público no Brasil, nosso interesse é compreender como e por quem os termos selecionados foram usados para conectar contextos de enunciação a um contexto social em transformação. Sabemos de trabalhos anteriores que todos eles se relacionam de algum modo com práticas classificadas como religiosas na vida social brasileira. Olharemos, então, para os usos desses registros na vida sócio-política brasileira.

Queremos responder as seguintes perguntas: Como o agenciamento de artefatos linguísticos conectam religioso e público no Brasil? Como religioso e público se configuram no contexto em que esses artefatos são agenciados?

Para responder as perguntas acima, analisaremos um material consistente em produções audiovisuais, postagens em mídias sociais, peças jornalísticas e judiciais. Parte desse material resultará de pesquisa do Observatório sobre o repertório religioso no Brasil.

Analisaremos o material empírico com a ideia de registro, tal como elaborada pela literatura antropológica sobre semiótica. Segundo esta literatura, registros são formas semióticas criadas na comunicação e agenciadas como rótulos nas interações sociais, com a produção de efeitos práticos. São artefatos que indexam e classificam signos.

Uma análise dos usos de registros tem duas implicações importantes. Uma é perceber como seu agenciamento tipifica pessoas, classifica e ordena sujeitos, discursos e performances. Também implica perceber como essas formas conectam domínios de ação e transferem autoridade.